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MADRUGADA ACESA

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MADRUGADA ACESA

 

madrugada

 
Ninguém se faz bruxo, a vida elege e impõe!
Dedico estes poemas às luzes nas madrugadas…

” Sonhos só existem através da memória que os alimenta.”
Bunuel

 

12

 

insular


Fixo, paralisado
apenas o som do coração.
Enraizado, observa!
Aves migratórias circundam a cabeça
numa frenética formação
capturadas por argolas de sombras.
A tarde, desfaz-se
por detrás do horizonte .

 

18

 

Box 32


A cidade desgoverna-se .
18 horas em ponto.
Vermelho, amarelo, verde !
Tua passagem leve e delicada
insaliva o bar do mercado.
Sabor bem ilhéu
nesta brisa do entardecer.

 

24

 

Na crônica do poeta sem poesia
um Dom Quixote de lata
enormes tetas
uma esfera
e a dor enraizada.
Talvez um charuto com a dama de luto!
Na crônica do poeta sem poesia
um cálice partido
o tempo sem tempo
e o amor vencido !

 

30

 

Te encontrei
flutuando no horizonte.
Como se o destino
estivesse escondido logo ali
pertinho da imaginação!

 

36

 

tempestade

Pelo som do trovão
pela sombra da lua
abrigado por três ave-maria
bate forte o coração !

Explodem as Serpentes aladas
faiscando no espaço…

A mãe morta
atravessa a cozinha!

Chove bastante…

 

46

 

O olho
abriga nossa canção.

Avenida beira-mar,
antigas esquinas, praias desertas.
Um bar na tarde, um gesto amigo
um canto impreciso.
Que saudades do Miramar!

Denso está o ar da cidade.
Sobreviventes náufragos
descansam
sobre a sombra da velha figueira !

Pelas trilhas interiores
do Ribeirão à ponta do Rapa
benzedeiras, rezas, até bruxaria.
Cruz credo!

 

52

 

Nos becos de Antuérpia
noite dos reféns.
A bailarina, a puta e o marinheiro
borbulham na taça.
Afogados
estendem seu olhar para as estrelas.
Rituais profanos que fazem sonhar
rezas d’além mar, antigas alquimias.
Os cubículos avermelhados
fazem com que a noite
não tenha mais fim…
Que saudades do Miramar!

 

58

 

Templários

                                                                para Péricles Prade


Estalos da cavalaria
ressoam pelos becos do bairro gótico.
Lanças são cravadas no coração.
O castelo estratificado
guarda frascos de alquimia.
Na noite,
um rei apareceu do outro lado da encosta
iluminando a Rambla

 

62

 

 

Canção para América Latina

 


Artérias expostas, vitima do abuso.
Latina América saqueada!
Sugam tua seiva,
empurrando para o céu teus povos antigos.
Expões um esqueleto que insulta
(aos que se fartam nos banquetes oficiais).
Latina América saqueada!

Chora tua flauta , de encontro
aos tambores retesados do Rio de Janeiro.

 

Visitas siderais
nos teus altiplanos sinalizados
América Latina do Universo!

 

Guevara , Neruda,Tom Jobim
guerreiros entrincheirados.
Nossa sonoridade!


com sua flecha incendiada!

 

68

 

Este mar
(que desperta o sol)
acende o dia.

Mar de esperanças
mar dos aflitos
mar das espumas!

Ah! Este mar
berço da lua e das sereias encantadas.
Mar dos golfinhos enlouquecidos!
Abriga minha ilha
em todas as tempestades.

 

74

 

Janela pra Jamaica


Noite de sábado
soaram os tambores e
um encanto espalhou-se pela ilha.

Quantos amores
nas velhas canções do mar?

Quando clareou
ainda soavam os tambores!

 

80

 

dominó


Sucessivas batalhas
em preto e branco.
Trama de números versus memória.

As passadas são espetaculares…

Subitamente interrompe-se a guerra
e contabilizamos os mortos

 

86

 

boi de mamão


“vamos moreninha
vamos até lá
vamos lá na vila
para ver meu boi brincar”

Pelas calçadas
soam os tambores
alimentando o sonho.

E o boi brincou
perseguiu a noite 
até se ofuscar no clarão do amanhecer
pra depois, subir aos céus.

Vamos moreninha
aceita esta flor ela é do limoeiro,
vai perfumá o nosso amor!

 

94

 

O vento sul que nos abriga
pouca coisa reconhece
nos escombros da cidade.
O mercado amarelo ocre
com a velha baleeira
fincada no ventre.

Um pote de barro, uma escama brilhando ao sol!

A matraca ressoa
enquanto a vida vadeia pelas calçadas.
Adiante
a graciosa Alfândega
pertinho do desaparecido Miramar.

Nossa Senhora do Desterro
onde estão teus assassinos?

 

116

 

POEMAS EM PRETO E BRANCO

OU

MORTE AO TAPETE VOADOR !

 

 

Carruagens aladas
farejam o inimigo.
Línguas de fogo penetram e queimam 
(os corpos estão suspensos no ar).
No centro do mundo
mal dormida cidade
Envenenada a entranha
expõe dissimulada alma.

Guerreiros de guerras antigas
ecoam no golfo
combatendo em melodias lineares.

Envenenada a entranha
responde com estrábica convulsão.
Por detrás do sorriso
escorre sangue pelos cantos da boca.

11 de setembro
aço latino flutuando em estação espacial.

Nos ventres, o côncavo da fome!

Odores transgênico contaminando e asfixiando
o mundo de todos nós.

 

 

 

o autor

Semy Braga é médico, artista
plástico e poeta, natural da
ilha de Santa Catarina.
Sua vivência insular numa cultura
açoriana, é base das suas obras.

publicações

1983 - o despertar de um anjo azul – poemas
1986 - manifesto por uma estética tupiniquim – ensaio
2004 - esquina do luar – poemas
2004 - raízes d alem mar – poema de Osmar Pisani
pinturas de Semy Braga e Vera Sabino
2005 - madrugada acesa – poemas
2007- jardim dos aromas

contato: 

semybraga@websabino.com

www.semybraga.com

 

 

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